Mais de 1 ano planejando a viagem de carro para a Argentina. Foram 12 meses pesquisando as estradas, atrações e legislação para uma viagem tranquila!
Muita coisa mudou no roteiro, mas uma coisa era certa: Mendoza como destino!
Mapas e mais mapas, cálculos, equipamentos e um check list para não esquecer de nada!
Tudo pronto para a viagem de carro com saída de Taubaté – interior de SP até Mendoza, na Argentina! Foram quase 10 mil Km, partindo do Brasil por Foz do Iguaçu e retornando pelo Chuí!
Dirigir na Argentina – Pesquisei muito sobre o tema e a lista de documentos e acessórios são:
(Apesar de toda a documentação certinha, não deixe de levar a legislação oficial do Consulado no carro. Pois suborno pode acontecer com frequência)
– Passaporte ou RG
– CNH do Brasil
– Comprovante de propriedade do carro (em caso de carro de terceiros ou alienado é imprescindível a autorização do Ministério das Relações Exteriores do Brasil)
– Seguro Internacional p/ o Mercosul (Carta Verde) – Adquirido na corretora de seguros
– Kit Primeiros Socorros
– 2 triângulos
– 1 cambão (cabo de aço de reboque 2m)
– Extintor
– Cinto de segurança e apoio para cabeça nos banco dianteiros
– Reboque só é permitido com motor home
– Mortalha (um pano branco, lençol) – este não está na legislação oficial, mas dizem que os policiais pegam no pé.
É importante deixar claro que fui em um carro 1.0 com mais 3 pessoas e por isso espaço vale ouro. Dicas para uma mala/mochila digna de aventureiro compacto.
– itens pequenos: as toalhas “seca-rápido” são mega compactas, ocupam 1/4 do espaço de uma toalha normal;
– compartilhe: leve apenas o necessário, pasta de dente, rolo de fio dental e shampoos podem ser comunitários! Lembre-se ainda que você pode ir comprando essas coisas no caminho conforme forem acabando;
– roupas fáceis: prefira camisetas tipo dry-fit, são fáceis de lavar, secam rápido, não amassam e não ocupam muito espaço na mala;
– para dormir: saco de dormir! Ocupa beeem menos espaço que lençóis e cobertores. Atualmente existem uns modelos que pesam menos de 1 kg e tem metade do tamanho de um saco de dormir convencional.
Primeira parada: Curitiba – SC – Por chegar quase 23h esta primeira parada para descanso foi essencial, pois dali o objetivo era Foz do Iguaçu. Estrada boa, trânsito estável, mas uma região com chuva, o que dificulta desenvolver a viagem mais rapidamente.
Em Foz, um descanso para o carro e um dia quente perfeito para visitar as Cataratas, no lado brasileiro. Maravilhoso!! Depois de uma pequena trilha a fauna e a flora se mostrava imponente. Belíssimas borboletas e os artistas do local: os quatis. Eram muitos que não perdiam a oportunidade de caçoar dos visitantes (eles furtavam tudo que viam pela frente, até bolachas das crianças). Os mirantes são muitos e de qualquer canto da trilha é possível ver e ouvir as quedas d´água. Simplesmente fascinante! Vale a pena!!!
Já que estava em Foz, uma visita em Itaipu, uma das mais importantes hidrelétricas da América do Sul. Mirantes e vertedouros e uma aula guiada sobre abastecimento de energia no país. Imponente e curioso ao mesmo tempo. Vale a visita!
Dia seguinte – cruzar a fronteira para a Argentina e aí a documentação começaria a surtir efeito. A alfândega pediu todos os documentos adquiridos e o mais importante: RG não substitui CNH e vice-versa. Vi muito brasileiro ter que voltar por faltar documento.
A primeira parada em solo argentino foi em San Ignácio de Miní, onde visitei as ruínas das “Missones Jesuítico-guaraníes”. O lugar é muito bonito, tem infra-estrutura (conta com guia turístico e painéis explicativos). Depois disso segui para Presidencia Roque Saenz Peña, onde tive que parar para descansar, pois já era tarde da noite.
Próximo Destino: Purmamarca – 700 km a frente de “Saenz Peña” em uma pista que é uma reta só. Um caminho bastante tranquilo com asfalto em boas condições. Recomendo dirigir com bastante atenção, pois em alguns trechos é fácil encontrar muitos animais na beira da estrada.
A paisagem e a pista começaram a mudar quando passei por San Salvador de Jujuy. Pista duplicada e novamente um asfalta em excelentes condições. As curvas aumentam conforme a capital da província vai ficando para trás, mas a paisagem fica cada vez melhor.
No dia seguinte saí rumo a Humauaca e Tilcara. Em Tilcara conheci as ruínas de Pucara de Tilcara, onde viveu um povo pré-colombiano e pré-inca.
Em seguida fui a Humauaca, onde fiz uma caminhada leve em meio a lindas montanhas e cactos.
Dias 9 e 10 – Salinas Grandes – deserto de sal. A estrada até lá é simplesmente maravilhosa! Para chegar ao deserto de sal é preciso atravessar as montanhas e para isso subi de carro até 4170m (parando para tirar muitas fotos, é claro). O sal é sal de verdade e tem também piscinas de água salgada. Para quem gosta de lembrancinhas tem várias lhamas feitas de sal (só acho que não resiste à umidade do Brasil).
Dia 11 – saída de Purmamarca com viagem já marcada para durar o dia todo, rumo à San Miguel de Tucumán e depois La Rioja. A estrada é linda e nas proximidades de Cafayate encontram-se a Garganta del Diablo e o Anfiteatro, onde Mercedes Sosa cantou. Lindos!
Ao abastecer verifique se a gasolina é a correta para o caro brasileiro. Há combustível “con plomo” que seria chumbo. O ideal é abastecer com “Nafta sin plomo” chamada de Normal ou Super.
Muita estrada e muito sol por cerca de 300 km até parar em Chepes para lanchar. É importante ressaltar que os policias param os carros brasileiros o tempo todo. Tenha sempre em mãos a documentação. Saí de Chepes e os policiais me abordaram pela milésima vez. Só que desta vez com direito a extorsão. Depois de muito papo, pois não havia nada de errado no carro, foram R$ 25 reais deixados com os policiais para liberar a viagem. Só isso pois não deixo nenhum dinheiro à mostra e com cartão de crédito não tinham como extorquir mais. Enfim, Mendoza!
Depois do estresse com os policiais nada como um almoço tipicamente argentino com vinhos e empanadas de carne. Muy rico!
Depois da tradicional ´siesta´ (Durante a viagem, nenhuma cidade tinha algo aberto depois do almoço, algumas nem farmácia! Então, mesmo para quem não tira um cochilo após o almoço como eu, acaba entrando na onda, pois não tem o que fazer em lugar nenhum) uma visita aos bares de Mendoza e uma passada para conhecer os casinos da cidade!
Dia 17: O segundo dia de passeio por Mendoza não foi na cidade de Mendoza, foi para conhecer o maior pico das Américas. Depois de 160km de estrada com paisagens maravilhosas, cheias de picos nevados dos Andes, enfim o Parque Provincial do Aconcágua. A entrada no Parque pode ser feita a pé ou de carro, mas o passeio é obrigatoriamente a pé. A vegetação é rasteira com inúmeras flores pequenas e coloridas, e tem passarinhos por todos os lados. A caminhada é de 1,7km mas existe uma outra rota de mais 2km, onde se pode chegar mais perto do pico. Lembre-se que há uma certa altitude e pode cansar facilmente. Os acessórios indispensáveis são casaco e filtro solar porque o vento é frio mas o sol é forte.
A próxima parada foi a Ponte do Inca, uma formação rochosa usada como ponte pelos Incas para atravessar o Rio Mendoza. É diferente de tudo que vi, principalmente pelo fato de que a água que escorre por ela coloriu as pedras de amarelo. Fica na beira da estrada a aproximadamente 3km do Parque do Aconcágua (e é grátis!).
Dia 18 – Acordei cedo para conhecer bodegas e azeiteiras. A azeiteira visitada foi a “Laur” o guia explica cada processo de extração do azeite, ajudando a esclarecer como comprar o produto. Tem lojinha para levar azeite de galão e outras conservas saborosas.
A tarde foi a vez da bodega San Huberto e apesar de estar com a produção parada pela entressafra, a guia nos deu uma boa explicacao de como funciona o processo da fabricação do vinho, seguido de degustacao de 3 tipos de vinho, um rose, um blend e um colheita tardia.
A melhor época para se conhecer as bodegas é a época da colheita, que ocorre de fevereiro a abril.
Hora de preparar o carro para a volta, sentido Buenos Aires e despedir de uma região única, cheia de atrações e hospitalidade. Certamente está no roteiro para voltar um dia.